Publicado em 10/05/2022 - Notícias

Odontologia digital otimiza tratamento de prótese dentária

Falamos anteriormente de novidades que o digital introduziu no universo odontológico. E entre os procedimentos que foram otimizados e aperfeiçoados, temos a prótese dentária.

Dr. Adriano Gudjenian, especialista em prótese e diretor clínico na CliniClass Odontologia, fala sobre o tema:

 

Qual foi a maior mudança que a odontologia digital oferece quando falamos de prótese dentária?

Foram várias, entre as principais estão: previsibilidade, diagnóstico e planejamento. A odontologia digital trouxe um outro patamar para estas ações.

 

É possível determinar um fluxo digital para o tratamento de prótese dentária?

No meu caso, na maioria das vezes, realizo tudo em consulta única. Se é um tratamento de prótese com elemento unitário, faço preparo da forma que for necessária, depois sigo com escaneamento, fresagem, maquiagem e entrega da peça em sessão única.

Em trabalhos maiores, como reabilitadores, procuro otimizar o que posso. Faço o escaneamento, confecciono o Dispositivo de Tomada de Relação Cêntrica e Dimensão Vertical de Oclusão, que será impresso, faço as tomadas de posição e encaminho o enceramento. No próximo passo faço prova e mockup, se aprovado realizo preparos e novo escaneamento. Na sequência freso as peças em PMMA.

Em ambos tratamentos, a otimização só é possível por conta da previsibilidade que o digital oferece. Ou seja, ao invés de usar uma média, uso escaneamentos que me possibilitam uma movimentação dinâmica, com informações pessoais obtidas a partir do paciente e movimentações dos exames de tomografia.

 

Quais são os principais benefícios do uso de fluxo digital na odontologia, com o foco na prótese dentária?

O universo digital permite situações muito mais precisas e óbvias para o dentista na parte de planejamento e diagnóstico. Misturamos diversos formatos de arquivos e conseguimos montar um paciente virtual, com a face em 3D, tomografia e escaneamento. A partir disso, é possível traçar um planejamento profundo e detalhado.

Também otimiza a condição de trabalho plena, sendo que é possível expor ao paciente de uma forma mais clara, para ele conseguir visualizar através das imagens e também de maneira tátil com a peça 3D. Isso aproxima o dentista do paciente, pois oferece tranquilidade e entendimento.

 

É possível eliminar alguma etapa do processo?

Hoje, possuo uma fresadora, então não tenho necessidade de envio ao laboratório, isso já elimina etapas. Mas tenho como otimizar ainda mais, eliminando a prova e ajuste, pois com a previsibilidade da odontologia digital no nível de assentamento essas etapas são desnecessárias.

Antes, obrigatoriamente tínhamos que fazer a checagem por conta da distorção da moldagem e confecção.

 

Você acredita que, mesmo com o avanço, ainda existem limitações?

O caminho já existe, já conseguimos trabalhar 100% digital seguindo todos os pilares da odontologia reabilitadora, acredito que ainda existam limitações causadas pela falta de conhecimento das novas ferramentas, que já são utilizadas desde 2018/2019. Principalmente quando falamos de reabilitadores que são dependentes de articuladores.

No meu caso, desenvolvi em conjunto com outros professores um sistema que permite a junção dos arquivos e movimentação dinâmica das guias do paciente. Dessa forma, consigo fazer uma análise de atm de forma dinâmica e digital.

Porém, aqueles que não usam o sistema e não tenham visto palestras sobre o tema, ainda encontram limitações e dificuldades de usar o digital de forma plena. 

 

Podemos dizer que é seguro não usar os articuladores?

A precisão vem com a própria tecnologia, pois permite maior visualização de mensurações pequenas. Mas, mesmo assim, um tempo atrás ainda precisávamos do articulador – que apesar de fundamental, é feito através de uma média, sem ser específico para cada paciente.

Atualmente, conseguimos pegar informações de forma mais precisa. Vivemos uma odontologia 100% digital, fugindo das médias. Criamos um caminho bem seguro e preciso, que é consolidado na odontologia digital, sem o uso do articulador, ou seja, saindo das médias.

 

Durante algum momento você vivenciou alguma resistência em relação a odontologia digital?

Dou aula e trabalho com reabilitação há mais de 20 anos, comecei a ter contato com a odontologia digital em 2012. Como reabilitador, o principal problema que eu via era essa aproximação, como fazer a reabilitação de forma digital. Por isso, começamos a trabalhar de forma mista, fazendo a transição do articulador para o digital de forma gradativa.

Em relação ao público, algumas pessoas sentem resistência no primeiro momento. Eu coordenei um grupo na Sociedade Brasileira de Reabilitação Oral, durante três aulas consecutivas. Na primeira aula, muitas pessoas levantaram dúvidas, mas depois tudo se tornou intuitivo.

Isso porque você consegue mostrar, as imagens falam por si. Então, depois desse primeiro contato, nunca encontrei nenhuma informação contrária. Todos que viram, aprovaram e ficaram encantados.

 

Você tem algum recado para deixar para quem ainda não conhece a odontologia digital?

A odontologia digital é fascinante, empolgante e interminável. Cada dia descobrimos coisas novas e empolgantes. Pela minha experiência, ainda estamos em fase de introdução. Estamos sempre abertos para receber mais pessoas interessadas na evolução!